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PESSOA CERTA... HORA ERRADA


Talvez aquele papo de que às vezes encontramos a pessoa certa na hora errada seja uma dessas verdades quase absolutas dessas tantas que existem aos montes por aí. Algo como o fato de ser quase impossível fugir a Lei de Murphy e ter a manteiga do pão caindo, invariavelmente, de encontro ao chão. O Murphy, esse cara aí que talvez fosse apenas um pessimista nato e do qual eu não tenho maiores informações, mas pouquíssima consideração, confesso, afirmava que se algo fosse para dar errado daria e o seu pão ia cair sempre com a parte da manteiga virada para o chão. Não tem como fugir dessa realidade, ele afirmou. E parece ser assim até hoje com muitas coisas. Não que a pessoa certa na hora errada tenha lá muito a ver com isso, mas falando em leis da vida lembrei dessa, tão batidamente e infelizmente conhecida. Preferia que, de fato, algo tão pessimista assim não existisse, mas eu definitivamente não tenho esse controle. Tão pouco tenho algum controle sobre a minha vida. Quando muito...

Mas, voltando ao que interessa e ao que quero dizer, parece mesmo que isso de pessoa certa e hora errada existe e, algumas vezes, anda juntinho - de mãos dadas. Até desenlaçar os dedos logo ali na frente, apenas porque não era o melhor momento para acontecer e colocamos tudo a perder.

Acho que muitos de nós já passamos pela frustrante sensação de ter metido os pés pelas mãos, justo com a pessoa mais "errada" e quando o que mais queríamos, do fundo de todo o nosso coração, era acertar. E, normalmente, quando isso acontece é porque alguma coisinha no nosso "destino" não parecia estar se encaixando corretamente. Talvez os astros, o dia, a hora, a lua em aries, oxalá em escorpião (ok, eu sei que isso não existe, mas deixem-me devanear), a terra ao encontro de marte, um vulcão prestes a entrar em erupção, um meteoro prestes a explodir... Eu sei lá. Sei que, nesse momento, alguma coisa não está se encaixando nesse grande quebra-cabeças chamado de vida e t-u-d-o passa a dar errado. Tudinho que tem para dar errado dá, como bem afirmou o sacana do Murphy, na sua genial sacada. (Obrigada, Murphy! Os meus mais sinceros e desgostosos cumprimentos pra você, que inventou ou descobriu essa porcaria de lei, que a gente têm se esforçado direitinho para seguir até hoje e que eu, humildemente, definiria como a arte que dominamos de fazer merda. Merda atrás de merda, diga-se de passagem).

A verdade, a grande verdade é que tinha tudo para ser especial. E foi. De fato foi. Vocês se encontraram do nada no meio de uma madrugada, cruzaram os olhos, sentiram que alguma coisa diferente estava no ar, desejaram-se, conversaram, andaram abraçados sob a lua e mais tarde se beijaram. Vocês se viram de novo depois, e de novo, e de novo e de novo. E vocês chegaram a pensar e falar em amor. Vocês estiveram tão, mas tão próximos um do coração do outro que sentiram medo. Um medo tão grande e tão absurdo que não era nem de dar errado, mas era um medo tolo e tremendo de dar certo. Um medo que aquilo fosse maior que vocês, porque para tão pouco tempo já estava parecendo ser muito mais forte do que podiam suportar. E é aí que entra a fatídica parte da "hora errada" que nenhum de nós gostaria de encarar.

Acontece que você tinha acabado de sair de um relacionamento de alguns anos e, digamos assim, estava meio "cagada". Desculpem se a expressão soa forte demais e talvez de fato realmente seja, mas é a que melhor pode definir o seu momento interno, que, sim, você vai externar da pior forma possível - logo, logo ali na frente.

Você até acha que está bem e que já superou o seu ex. O que, beleza, pode ser mesmo verdade. (Graças a Deus nem todo mundo vive de passado e fica colecionando ex por aí! Amém!). Mas o que acontece é que você ainda está de certa forma "desequilibrada" emocionalmente. Ou digamos assim, com o coração fragilizado demais para uma nova relação, mas você ainda não se deu conta disso, acha que está muito bem, obrigada. Mas a verdade é que está toda errada mesmo. Carente, insegura, com medo de não dar certo com mais ninguém no mundo e desesperada por encontrar alguém que preencha aquela lacuna que ficou em seu coração. E, ok, você pode até achar que não, que está super bem resolvida 100% amor próprio e auto-suficiência. Só que eu te digo apenas uma coisa, minha amiga: só que não. Só que não mesmo! Você está com um puta buraco no seu coração. Um rombo enorme e você não tem nem noção do tamanho dele. Não ter exatamente sofrido não significa que não esteja tudo desarrumado ai dentro. Bagunçado mesmo. Destroçado. Não têm como fugir, todo final nos deixa entre escombros. E você está exatamente aí no meio das muralhas em que se transformou a sua vida, tentando encontrar alguma forma de se reerguer e dizer para o mundo: olha aqui, queridinho, eu continuo aqui firme e forte e preparada. Pode vir que têm muito mais e eu ainda não me dei por vencida! Não foi dessa vez que você conseguiu me derrubar. (#chupamundo)

Mas sabe o quê? Sabe qual a maneira que você encontrou para se reerguer? A maneira está exatamente na forma como aqueles olhos cruzaram com os seus naquela madrugada. Era a pessoa certa sim! Não tem como não saber essas coisas quando elas acontecem, por mais machucado ou inseguro que o coração esteja, mas ele chegou exatamente na hora mais errada. Ele, infelizmente, não vai te ajudar a reerguer as suas muralhas, isso é uma tarefa só sua. E você vai atirar os seus escombros em cima dele e vai acabar soterrando-o dentro dos piores sentimentos que você sequer supôs ser capaz de sentir. Você também não tem culpa, porque você se quer sabia que aquilo existia e estava querendo gritar dentro de você. E, fora isso, a gente tem essa mania besta e infantil de acreditar que o amor é obrigado a suportar tudo. Mas ele não é. Definitivamente não é e não suporta.

E, muitas vezes, não se trata de amor, mas de sobrevivência, entende?! Se ele ficasse um pouco mais era ele quem seria soterrado pelas suas frustrações, pelos seus medos, pela sua carência, pelo seu desespero, pelo amor que naquele momento você não estava preparada para sentir. Se ele ficasse um pouco mais... não tem como saber, pois você fez tudo para ele partir.

Essa é a tal da hora errada que falam por aí, quando o nosso coração não está bem curado ou preparado para amar outra vez.

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