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E se...

Eu achava que tudo entre nós combinava. Que aquele encontro havia sido algo combinado pelos anjos e trazido direto dos braços de Deus para a minha vida. Como um presente desses que a gente fez por merecer e que, enfim, depois de muita espera, chega ao nosso endereço. Achava que era algo dessas coisas que as pessoas chamam de destino ou sei lá. Achava que tínhamos tudo para dar certo e tínhamos tudo para acertar. E, talvez, de fato tivéssemos, mas, ironias dessas da vida, sempre existe um "mas" rondando todas as histórias e com a nossa não foi diferente.

Quando tudo parecia estar se encaminhando para um lugar comum entre nós dois eu fui ler as previsões do nosso horóscopo para aquele mês. O meu dizia que uma pessoa iria surgir em minha vida, o dele dizia exatamente a mesma coisa. Eu surgindo na sua vida, você na minha, ok. Ótimo! Estava mesmo tudo muito favorável para nós dois, você era a pessoa que surgia para mim e eu a pessoa que surgia para você. Não tinha como dar errado! Os astros diziam. Resolvi ir ainda mais fundo: combinei nossos signos - leão com aquário. Éramos signos um tanto quanto diferentes e talvez até opostos, mas podíamos nos dar muito bem se soubéssemos driblar as diferenças. Diferenças essas que nos fariam nos completar, estava escrito com todas as letras. Ok, tinha tudo para ser muito bom. É claro que teríamos que ceder um pouco aqui e um pouco acolá, mas era uma combinação que poderia sim culminar num par (quase) perfeito. Amém e obrigada, Universo! Tínhamos tudo, t-u-d-i-n-h-o, para formarmos um belo par. Os astros diziam, insistiam até. Era o nosso mês, era a nossa hora, era o nosso encontro, éramos eu e você. Meio que um presente dos céus diretamente para mim, para nós, enfim.

Eu entendo que era muito cedo para tudo isso e que é um pouco besta acreditar em horóscopos, em destino ou ser tão romântica boba assim, mas eu, no fundo, sou uma mulherzinha e eu acreditava sim. Acreditava muito! No que fosse, em tudo que fosse, no que quer que fosse que dissesse que, naquele momento, você havia sido trazido para mim. Era o nosso encontro, o nosso momento e foi você quem me disse isso primeiro. Não com essas palavras, mas com palavras, talvez, muito mais "pesadas" que essas. Quero dizer, pesou em meu coração te ouvir, sabe?!

Era apenas o nosso SEGUNDO encontro e você me veio com aquele papinho doce de amor a primeira vista. O quê? Amor? E a primeira vista? Não, não brinca comigo não! Não, isso não existe não! Mas você insistiu: "como nos filmes", você disse! Que merda é essa de como nos filmes? Que merda é essa de falar essas coisas no segundo encontro? Que merda é essa de desestabilizar o meu emocional e desestruturar o meu coração? Para, por favor!, a minha razão gritou. Isso não existe eu te falei e fui ainda mais fundo: filme é ilusão. Filme é ilusão - eu queria muito acreditar. A minha razão sabia, sempre soube, que essas comédias românticas só foram criadas para ferrar com a vida da gente, porque a gente olha e fica se iludindo depois achando a nossa vida uma grande bosta, porque não acontece nada daquilo no "mundo real". Ah, por favor! Eu não era mais uma menininha que acreditava em contos de fadas há muito tempo. Você não ia me enganar agora com esse papinho mole. Não ia mesmo. Não ia! Não ia?!

Pois é... não ia, mas acabou que foi. Cheguei em casa naquela noite ainda mais encantada por você. Todo respeitador, todo querido, todo maravilhoso e falando em amor a primeira vista como nos filmes. Quer saber, você acabou com todas as minhas resistências naquele momento. Mesmo que a minha cabeça dissesse que eu não devia ouvir, o meu coração não só tinha ouvido com todas as letras - e até com letras e trilha sonora que não existiam - como ficou repetindo isso para mim o tempo todo.que merda você fez comigo hein?!

E, para piorar, aquele seu jeitinho de príncipe encantado...

Você parecia mesmo o príncipe que eu vinha esperando há algum tempo na minha vida. A forma como você chegou, a maneira como me olhou, a maneira como te olhei e como os nossos olhos se encontraram. E saber que aquilo não tinha sido uma sensação ou uma impressão só minha me enchia ainda mais de esperanças. O jeito como você entrou na minha vida naquela madrugada, em que eu já nem esperava mais nada. Parecia tudo tramado pelo destino. Parecia tudo tão lindo. E quando você se ofereceu para me acompanhar até o banheiro, todo cavalheirinho, sem nem nos conhecermos e na minha cabeça abobada e romântica só por educação. Quer saber, parecia perfeito demais.

E andamos abraçados sem nem termos nos beijado ainda e você me falou de você. E me contou algumas coisas como se me conhecesse há mais tempo e como se confiasse em mim. Tudo bem estávamos bêbados e bêbados perdem a noção, mas parecia especial. Parecia especial você ali deitado no meu colo me falando coisas que eu não sabia. E começamos a falar de amor e eu te perguntei por que é que os homens tinham essa capacidade de não se apaixonar e a gente sempre se ferrava toda na paixão. E você me respondeu com toda honestidade e sinceridade do mundo que era porque quando percebiam que estavam se envolvendo vocês caiam fora. Eu achei trágico e burro vocês serem assim e um pouco injusto conosco, mas achei lindo você ser tão honesto comigo.

Mais tarde... uns dias depois, você me disse que algo errado estava acontecendo quando um boa noite da outra pessoa fazia você dormir melhor. A outra pessoa em questão era eu e o boa noite, no caso, era o meu. E os meus olhos brilharam do outro lado da tela do celular, mas um sinal de alerta acendeu no meu coração e eu apenas te respondi com um seco e confuso "ixiiiiii". Quer dizer, eu não sabia bem o que devia dizer sobre aquilo, eu tinha medo que você fosse rápido demais e eu que recém tinha saído de um relacionamento não sabia bem o que queria. Quero dizer, eu queria você, mas eu ainda nem sabia mensurar o quanto. Achava que seria capaz de levar numa boa e esperava que você também o fizesse. Mas, na verdade, eu não estava levando tão na boa assim, por mais que tentasse negar para mim mesma. Eu já estava completamente envolvida por você e por aquela nossa história que tinha acabado de começar, mas que às vezes parecia que já fazia tempo de mais e exigia de nós alguma atitude ou passo que não estávamos prontos para dar.

Eu lembrei do que você me disse sobre cair fora quando vocês percebem que estão se envolvendo demais, então foi a forma como continuei a conversa. Mas você me disse que não tinha nada a ver com isso e que você não queria cair fora de nada. Mesmo assim decidimos ir com calma. Mas só da boca pra fora, principalmente para mim, que resolvi surtar. Quer dizer, resolver não resolvi, mas surtei. Surtei bonito.

Primeiro tentei de todas as formas parecer a desinteressada, desencanada, nem aí para aquele papinho de amor ou de relacionamento sério. Eu achava mesmo que eu não queria relacionamento sério, mas quanto ao lance de parecer "nem aí" é uma postura muito minha, acho que por medo de quebrar a cara. É que normalmente quando a gente se envolve demais acaba assustando o outro e quando a gente faz a difícil parece que daí o outro nos quer de todas as formas. Mas, a verdade, é que eu estava confusa demais para racionalizar isso direito e eu não estava querendo jogar nenhum joguinho, apenas estava cheia de medo e de dúvidas em meu coração. Então eu comecei a agir de uma maneira muito louca até para mim mesma entender. Eu não estava conseguindo controlar os meus impulsos, não estava conseguindo manter a calma, o controle e, por vezes, eu pensava, pois que se dane, se for pra fazer tudo errado eu mesma faço e tomo para mim a responsabilidade do fim. Acho que eu tinha tanto medo que você acabasse com tudo, que me iludia pensando que se eu fizesse aquilo terminar seria menos doloroso. Burrice, é claro, mas eu fiz tudo errado. Banquei a louca legal. E o pior é que eu te queria... te queria muito, bem mais do que demonstrava ou até imaginava. E doeu, doeu demais...

Na minha cabeça confusa e doida, você já tinha me dito tantas coisas, já tinha deixado transparecer tanto que estava gostando de mim e que queria algo mais sério, que meio que eu me achei no direito de fazer tudo o que eu quisesse e dizer tudo o que eu quisesse. Eu deixe a razão completamente de lado e comecei a fazer coisas estúpidas e que eu sabia que poderiam te afastar. Sei lá, baixou uma adolescentezinha romântica e burra em mim e eu comecei a agir como uma perfeita idiota. Eu sei que você disse aquelas coisas e o meu coração se entregou por completo e eu não sabia mais como agir, foi aí que comecei a fazer tudo atravessado. Eu meti os pés pelas mãos, as mãos pelos pés, me embolei toda em mim mesma e me deixei atropelar por uma tsunami de sensações que eu até então desconhecia ser capaz. Me perdi toda. Me afoguei. Me entreguei as armadilhas do ego. Achei que o fato de você estar gostando de mim te faria aceitar e perdoar tudo e continuar me querendo apesar de tudo.

A verdade é que eu sempre fui dessas de querer provas. Mesmo sabendo que elas não provam nada e que isso mais do que capricho é infantilidade. Eu sempre quis que as pessoas demonstrassem muito que me queriam. E, de alguma maneira, eu estava testando isso em você. Para ver se valia mesmo a pena. Para ver se você me queria tanto assim. Me desculpe, não sei se muda algo, mas não foi por maldade, foi por insegurança, foi por medo. Eu te afastei justo no momento que eu mais queria te aproximar.

Me culpei muito e tentei entender mais ainda o que aconteceu. Tentei reverter as coisas, tentei explicar, tentei... mas você fechou a porta e eu disse tantas coisas confusas e contraditórias que acho que você se cansou de escutar. Você dizia que eu brincava com você. Você achava que eu não te levava a sério. E você até achou que eu te fiz de trouxa. Eu acredito que não tenham sido apenas essas coisas que nos afastaram, mas eu queria que você soubesse que eu não quis que fosse assim e que eu não quis brincar com você. Nem eu não sei bem o que queria, só sei que te queria.

Como você mesmo me disse "e se" não existe, portanto eu sei que ficar pensando nisso ou tentando encontrar justificativas não vai mudar nada. Penso que talvez tenhamos sido as pessoas certas na hora errada um para o outro. Sei lá, dizem que a vida têm disso...

O que sei apenas é que você exagerou em mim desde o princípio e me fez transbordar em sensações e emoções que eu até então desconhecia.

"Até você aparecer do nada" tudo era diferente. Pelo menos eu não carregava comigo essa sensação de que tudo poderia ter sido de fato diferente. Mas "e se" não existe. E os "e ses" da nossa história eu não posso saber. Posso saber o que vivi, o que senti. O que foi tão rápido e ao mesmo tempo tão intenso dentro de mim. Essa vontade de te ter comigo.

"E se" eu pudesse fazer diferente eu faria

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